Um breve resumo do livro Totem e Tabu
Um dos grandes méritos da religião é que ela serve de apoio psicológico. Quem você é – partindo do princípio de que você vive em sociedade e desfruta de todos os benefícios que isso traz – está diretamente ligado a alguns conceitos que nascem com a religião. Não existe explicação definitiva para essa relação entre psiquê social e religiosidade, mas algumas teorias podem nos ajudar a compreender o quanto essas questões são importantes para a sociedade.
A primeira é a tese desenvolvida por Sigmund Freud, publicada em seu livro Totem e Tabu. Segundo ele, num passado muito longínquo, os machos dominantes costumavam expulsar do clã seus filhos conforme eles fossem se aproximando da puberdade. A ideia era evitar a concorrência pela posse das fêmeas. Em determinado momento os filhos excluídos se uniram e atacaram o pai, matando-o. O sentimento de culpa os perseguiu fazendo com que eles identificassem o espírito do pai nas forças da natureza. Uma erupção vulcânica, um terremoto, um maremoto, um período de seca, chuvas intensas, qualquer coisa poderia ser atribuída ao espírito do pai querendo vingança.
Segundo Freud, isso teria acontecido repetidas vezes, em várias gerações, até que esse fator se internalizasse na consciência coletiva. Nesse período teria surgido a ideia de realizar sacrifícios para apaziguar o espírito vingativo do pai. Um bode aqui, um cordeiro ali, uma virgem acolá. Às vezes as forças da natureza se apaziguavam e eles entendiam que o sacrifício foi aceito. Em outros momentos era preciso continuar realizando sacrifícios até que o pedido fosse atendido. Assim teriam surgido as primeiras leis contra o incesto, assassinato, roubo, respeito ao pai e à mãe.
Cristo seria, dentro dessa lógica, o irmão mais velho que se oferece em sacrifício por todos nós.
Freud, no entanto, não apresenta uma única prova que corrobore sua teoria. Mas é preciso admitir que sua tese provoca a reflexão.
René Girard, um importante intelectual francês, tem uma tese diferente. Mas isso é papo para a nossa próxima conversa.
José Fagner Alves Santos
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