Isso não significa, no entanto, que as sociedades ágrafas não desenvolveram suas formas de contar histórias. Toda etnia tem seu mito fundador. Toda etnia tem sua religião. Quando um grupo de cristãos se junta para tomar o vinho e comer o pão, eles estão rememorando uma cena acontecida há muito tempo, mas que é repetida de forma ritualística para celebrar uma memória que para eles é sagrada. Quando um grupo de praticantes do candomblé se reúne para celebrar seus rituais, o princípio é o mesmo. Eles estão representando cenas de eras imemoriais.
Se as religiões existem, é porque nós temos a necessidade de contar histórias que nos façam entender o mundo. Se a literatura existe, é porque precisamos contar histórias que nos façam entender o mundo. É claro que a religião tem muitas outras finalidades, assim como a literatura, mas o que importa para o que vamos conversar aqui é a necessidade de contar histórias. A religião é a forma mais antiga de literatura que existe. Os primeiros textos eram mitos, histórias que contavam como era o mundo e os seres humanos estavam inseridos nele. Eles não serviam para explicar as coisas por meio da ciência moderna, mas sim para dar sentido às experiências do homem em seu universo.
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