É muito bom rir de si mesmo




Enquanto postava a entrada anterior, recebemos a visita de duas senhoras que vieram pedir à minha mãe um serviço de costura. Pitéu, o cachorrinho vira-lata que minha mãe tirou da rua, não parava de latir. Fez o maior escândalo, e eu pedindo para ele ficar quieto. Acabei de publicar o texto e uma das senhoras transferiu sua atenção da minha mãe para mim.

- Ei, moço. Eu não quero atrapalhar, mas você não tem interesse numas barras de chocolate?

E, tirando da bolsa algumas amostras, mostrou-me para que eu pudesse escolher. Sem muito traquejo, expliquei para ela que eu não gosto de chocolate. Na verdade, eu nem gosto de doces. Tão logo falei essas coisas, fiquei com a sensação de que havia sido grosso. Pensei até em comprar as barras de chocolate para presentear alguém, só para diminuir a sensação ruim que ficou.

A senhora, por sua vez, não se deixou abater. Citou uma pessoa, conhecida dela, que também não gostava de chocolate.

A conversa e as negociações com a minha mãe continuaram. E quando as senhoras se levantaram para ir embora, aquela que havia me oferecido as barras comentou:

- Vá desculpando qualquer coisa. Eu acho muito bonito um homem na sua idade que ainda mora com a mãe. Tem gente que acha feio, mas eu acho bonito.

A outra senhora, que já me conhecia, tentou remediar a situação.

- Ele não mora com a mãe, só está fazendo uma visita. Ele mora fora, trabalha, é jornalista.

- Ah, tá – respondeu a outra. Pensei.

E as duas seguiram em seus respectivos caminhos para casa.

Minha mãe pareceu não entender o que havia acontecido e, tão logo as senhoras se afastaram, contei a história para ela. Rimos muito da situação. Cheguei a ficar sem ar do tanto que ri.

Como diriam os romanos, ridendo castigat mores.



José Fagner Alves Santos

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