Em dezoito transmissões, Fernando mergulha em confissões e desabafos, construindo um retrato cativante da elite brasileira e do país que ajudou a moldar através de seus meios de comunicação. O protagonista, um conglomerado de personalidades dos donos das grandes empresas de comunicação no Brasil, chega ao último turno da vida buscando uma espécie de redenção moral através do "sincericídio".
Ivan Angelo, com seu temperamento cordial, constrói Fernando Bandeira de Mello Aranha a partir de uma rica vivência profissional e de sua carreira no Jornal da Tarde. Conhecido como "bon vivângelo" entre amigos, Angelo oferece uma visão única dos bastidores da família Mesquita, que comandava o Estadão, em uma narrativa repleta de observações irônicas e diálogos marcantes.
"Vida ao Vivo" destaca-se por sua construção formal não convencional, alternando capítulos televisivos do protagonista com capítulos que exploram as repercussões de suas revelações. O romance assume um ritmo dinâmico, semelhante ao universo jornalístico, onde fatos, versões e interpretações se entrelaçam em um diálogo constante.
O autor, em sua entrevista ao livro de Humberto Werneck, destaca a falta de interesse no texto jornalístico, mas reconhece pequenos truques que contribuem para a ficção. "Vida ao Vivo" é uma mistura intrigante de imaginação e jornalismo entranhado, um reality literário que revela a complexidade da elite brasileira. Não esqueçamos: toda narrativa é uma versão, e Ivan Angelo entrega um romance hilário e imperdível.
Ivan Angelo
Vida ao Vivo
Companhia das Letras
• 296 pp
• R$ 79,90
José Fagner Alves Santos
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