Francisco, a Igreja e os homossexuais



​Acabei de ler o artigo “Francisco, a igreja e os homossexuais”, publicado na revista piauí, e me vi diante de uma narrativa que escancara a dissonância entre o discurso e a prática da Igreja Católica em relação à homossexualidade. O texto, assinado por Andrew Sullivan, traça um panorama do pontificado de Francisco, evidenciando suas tentativas de equilibrar gestos de acolhimento com a manutenção da doutrina tradicional.​

Francisco, ao longo de seu papado, proferiu declarações que, à primeira vista, sugeriam uma abertura inédita da Igreja para com a comunidade LGBTQIA+. Frases como “Quem sou eu para julgar?” e a autorização para que pessoas trans fossem batizadas e atuassem como padrinhos ou madrinhas pareciam indicar uma mudança de paradigma. No entanto, essas ações foram frequentemente acompanhadas de ressalvas e limitações, como a exigência de que tais eventos não causassem “escândalo público” ou “desorientação entre os fiéis”.​

A publicação do documento “Fiducia supplicans”, que permite a bênção de casais do mesmo sexo, mas não reconhece suas uniões como sacramentos, exemplifica essa ambiguidade. Enquanto alguns veem nesses gestos um avanço, outros os interpretam como medidas simbólicas que não enfrentam as raízes da exclusão institucionalizada.​

Sullivan também aborda a presença significativa de padres gays na Igreja, estimando que pelo menos 15% dos sacerdotes nos Estados Unidos sejam homossexuais. Essa realidade, muitas vezes silenciada, contrasta com a postura oficial da Igreja, que considera a homossexualidade uma “propensão objetivamente desordenada”. A tensão entre a vivência pessoal de muitos clérigos e a doutrina vigente gera uma dissonância cognitiva difícil de sustentar.​

O artigo destaca que, apesar das tentativas de Francisco de promover uma Igreja mais inclusiva, ele não implementou mudanças doutrinárias significativas. Sua abordagem, marcada por gestos simbólicos e declarações ambíguas, reflete uma tentativa de conciliar a tradição com as demandas contemporâneas por inclusão e reconhecimento.​

Para uma compreensão mais aprofundada, recomendo a leitura completa do artigo na revista piauí.

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