Voltaire de chinelo: o delírio progressista em cordel mágico-realista
Ah, a Bahia! Terra de encantos e desencantos, onde até as cidades se perdem em suas próprias rotas. Ian Fraser, escritor baiano, nos apresenta em seu novo livro, Cartografia para Caminhos Incertos, uma Redenção que não se encontra em nenhum mapa, mas que se desloca eternamente, como se fosse uma metáfora ambulante da própria Bahia: sempre em movimento, sempre em busca de algo que talvez nem saiba o que é.
Fraser, que já nos brindou com a ficção científica nordestina em A Vida e as Mortes de Severino Olho de Dendê, agora mergulha no realismo fantástico, misturando a filosofia de Voltaire com a cultura regional. Em sua narrativa, Mané, o protagonista, busca um amor ideal, mas acaba se encontrando em um labirinto de experiências e autodescobertas. A cidade de Redenção, com sua mobilidade constante, serve como palco e personagem, desafiando a ideia de um paraíso fixo e questionando as promessas de felicidade eterna.
O autor revela que a inspiração veio de leituras como A Cabeça do Santo, de Socorro Acioli, e Cândido, de Voltaire. Essas influências se entrelaçam em uma crítica social e política, onde o "paraíso" é desconstruído e a busca por um lugar ideal se torna uma jornada de reflexão e questionamento.
Fraser, natural de Salvador e finalista do Prêmio Jabuti em 2023, traz em suas obras uma forte ligação com a baianidade. Ele destaca a importância de escrever para o público brasileiro, refletindo sobre a identidade e as questões sociais do país.
Cartografia para Caminhos Incertos é um convite a refletir sobre nossos próprios caminhos, sobre os paraísos que buscamos e sobre as cidades que habitamos, sejam elas reais ou imaginárias.
Em tempos de incertezas, Fraser nos oferece uma cartografia da alma humana, onde os caminhos são incertos, mas a busca por sentido é eterna.
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